quarta-feira, março 14, 2007

Brasil e o Investment Grade

O Brasil está, pela primeira na sua história, num círculo virtuoso para
receber a classificação de risco de grau de investimento, de fato e por
merecimento.
A avaliação foi feita há pouco pela presidente da Standard & Poor's (S&P),
Regina
Nunes, após participar do debate "Conquista do Grau de Investimento para o
Brasil:
desafios e conseqüências", realizado pela Casa Brasil, na Bolsa de Valores
de São
Paulo (Bovespa). "Estruturalmente, o Brasil melhorou e algumas instituições
estão
melhores ou até iguais a países que já receberam a classificação de grau de
investimento. Mais do que reformas profundas, o Brasil precisa resolver
problemas
de eficiência e eficácia, ajustes pontuais, para ter sua avaliação de risco
melhorada", declarou a executiva.

Regina não quis projetar em quanto tempo o País poderá ter a melhora de sua
classificação de risco anunciada pela agência. Preferiu lembrar que a
dívida em
moeda estrangeira recebeu a classificação BB- em setembro de 2004 evoluindo
até
novembro do ano passado, quando passou a ser BB+. Segundo ela, alguns
levantamentos da S&P indicam que alguns países podem chegar a grau de
investimento em prazo de três anos, embora não exista uma regra única para
obter
tal classificação. "Eventos como do México e da África do Sul são poucos
citados. O
México levou sete anos para atingir BBB-, enquanto a África precisou de
seis anos.
Nossos levantamentos mostram que, ao receber classificação BB, 17,3% dos
países chegam a BBB- em três anos, e 22,6%, em cinco anos", citou.
"Portanto, é
maior a probabilidade de diminuir a classificação do que de subir",
acrescentou.

Além das medidas pontuais, caso de diminuição da burocracia, de queda da
quantidade de impostos, mesmo que o volume de alíquota se mantenha, combate
a
informalidade e ajustes nas leis trabalhistas e de meio ambiente, ela
também
identificou outras condicionantes para o Brasil se tornar grau de
investimento. Entre
elas está o enfrentamento do País em relação a problemas econômicos
financeiros
e globais; a capacidade de gerar maior crescimento econômico nos próximos
cinco
anos; e a melhora da estrutura fiscal, ou seja, aperfeiçoamento dos gastos,
sem
comprometer a austeridade da política monetária. "Com um superávit primário
não
tão maior do que o atual, o País chegaria mais rapidamente ao grau de
investimento.
É importante também a estrutura forte de câmbio flutuante, exportações
sólidas e de
política monetária austera", listou.

Mesmo a recente onda de turbulência nos mercados, que deverá, na visão da
S&P,
reduzir a liquidez mundial, não deverá comprometer a condução da política
econômica brasileira. De acordo com Regina, o País está menos vulnerável do
que
no passado não apenas por contar com reservas de US$ 100 bilhões, mas
porque
possui hoje crescente plataforma de exportações, com diversificação de
mercados.
"A melhora da percepção de risco dependerá do comportamento da economia
brasileira diante da turbulência do mercado. Acreditamos que este governo
tem
capacidade para reagir porque seu time econômico é formado por quem sabe e
faz
o que é o certo".

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